Tudo sobre mulheres na ciência no Brasil e no mundo
Essa presença nas ciências exatas é algo que remonta desde a antiguidade. Porém ainda hoje as mulheres na ciência ainda enfrentam desafios e preconceito.
Neste texto iremos explorar a presença feminina na ciência desde a antiguidade, o cenário atual da pesquisa científica no Brasil e quais são os maiores desafios enfrentados pelas mulheres na ciência.
Ao longo da história, o papel da mulher na ciência foi expressivo e as suas contribuições científicas se manifestaram nas mais diversas áreas do conhecimento. São muitos nomes importantes na agronomia, astronomia, geologia, física, química e na tecnologia, entre outras áreas.
Inclusive, os avanços promovidos por mulheres nos campos da genética, fisiologia e farmacologia foram imprescindíveis para um maior entendimento sobre o corpo humano. Assim como os estudos constantes sobre os microrganismos permitiram o desenvolvimento de novas terapias contra doenças infecciosas.
Veja mais a seguir:
A participação de mulheres na ciência antiga
Durante muito tempo, a presença feminina foi rechaçada em ambientes que pregam a racionalidade e praticam as ciências exatas. Tudo isso motivado pela crença de que o gênero feminino é mais delicado e pertence a ambientes de assuntos domésticos.
Isso, entretanto, não impediu que muitas mulheres lutassem contra essas crenças e garantissem seus lugares dentro das ciências, da tecnologia e da engenharia. Não são poucas as histórias de pioneiras que venceram os preconceitos de seus tempos para se tornarem parte essencial em descobertas que ainda hoje mudam o mundo.
A mais famosa das pesquisadoras da antiguidade é Hipátia de Alexandria, que estudava astronomia e matemática e ficou conhecida por inventar o densímetro, instrumento que permite medir a densidade de líquidos.
Desde os tempos mais remotos, diversas outras pesquisadoras e inventoras da área de exatas surgiram e se destacaram. Entre elas, podemos citar:
- Marie Winkelmann Kirch, primeira mulher a descobrir um cometa;
- Émilie su Chatelet, tradutora das obras de Newton e teórica de física;
- Elizabeth Fulham, primeira pesquisadora profissional de química;
- Marie Curie, ganhadora de dois prêmios Nobel, em química e física, considerada a mãe da física moderna por seu trabalho com a radioatividade;
- Hedy Lamarr, uma das criadoras da tecnologia que hoje é utilizada em redes móveis, Wi-Fi e dispositivos bluetooth;
- Florence Rena Sabin, primeira mulher a ganhar uma cadeira na Academia Nacional de Ciências dos EUA por seu trabalho com o sistema linfático e imunológico;
- Chung-Pei Ma, liderou a equipe de cientistas que descobriu dois dos maiores buracos negros já observados.
E a lista não termina com esses nomes, já que a participação das mulheres na ciência é extensa e cheia de importância.
Como é a representação feminina na ciência brasileira?
De acordo com o CNPq, as mulheres constituem 43,7% dos pesquisadores científicos no Brasil. A nível mundial, esse valor desce para 30%, segundo a ONU.
No CNPq, a curva é otimista e aponta que o número de mulheres pesquisadoras vai superar o de pesquisadores do gênero masculino dentro de uma década.
Isso acontece por diversos fatores, como vamos explicar abaixo, mas o principal é a discriminação contra as pesquisadoras.
Segundo um relatório da Elsevier intitulado “A jornada do pesquisador através de lentes do gênero” divulgado em 2020, um estudo que envolveu 15 países, incluindo o Brasil, incluindo o Brasil, embora a participação das mulheres nas ciências exatas esteja aumentando, a desigualdade permanece quando o assunto são publicações, citações, bolsas concedidas e colaborações.
Especificamente falando sobre as citações, trabalhos publicados por mulheres são citados com muito menos frequência do que os trabalhos por homens.
Áreas das ciências em que as mulheres são maiorias
O relatório da Elsevier apresenta as desigualdades entre homens e mulheres na pesquisa entre homens e mulheres na pesquisa, mas também traz uma relação das áreas onde as mulheres são maioria.
Elas são as seguintes:
- Bioquímica, com 52,7% de mulheres;
- Odontologia, com 52,4% de mulheres;
- Imunologia e Microbiologia, com 57,7% de mulheres;
- Medicina, com 52,7% de mulheres.
- Neurociência, com 54,3% de mulheres;
- Enfermagem, com 73% de mulheres;
- Farmacologia, com 57,6% de mulheres.
Ainda segundo o relatório, as áreas de medicina e bioquímica se tornaram de maioria feminina a partir de 2009.
Entre as áreas com maiores citações a trabalhos escritos por mulheres estão enfermagem e psicologia, enquanto as áreas com menos presença feminina são as ciências físicas.
4 grandes cientistas brasileiras com trajetórias inspiradoras
E para concluir nosso assunto sobre o cenário das mulheres na ciência no Brasil, nada melhor do que buscarmos aquelas que são pioneiras ou que conquistaram grandes feitos nos últimos anos.
A lista que reunimos abaixo contém mulheres de diversas áreas, desde as ciências biológicas até a física, que contribuíram como ninguém para o avanço científico do Brasil e do mundo.
Nise da Silveira
Nise da Silveira foi uma médica que mudou completamente a maneira como doenças psiquiátricas foram e ainda são vistas. Nascida em 1905, ela se formou em medicina em 1931 na Bahia, sendo a única mulher entre outros 157 estudantes do sexo masculino.
Contratada em 1944 para trabalhar no Centro Psiquiátrico Nacional Pedro II, Nise se opôs às práticas usadas para tratar os internos. Isso porque, técnicas como eletrochoque, camisas de força e isolamentos eram comuns.
Devido à sua oposição, ela foi transferida para a ala de terapia ocupacional do centro psiquiátrico como forma de punição, já que esta era uma área com poucos recursos e prestígio, porém é lá que Nise começa sua revolução.
Em vez de terapias baseadas em surras e limpeza pesada do local, Nise propôs a pintura. Ela trocou os castigos pela expressão através da arte e isso trouxe resultados surpreendentes. Os pacientes não apenas apresentaram melhora, mas também produziram obras de arte.
Nise também foi pioneira em entender os benefícios de terapias com animais, permitindo que seus pacientes cuidassem dos cachorros que viviam no pátio do centro psiquiátrico.
Nise da Silveira não só foi uma pioneira, mas uma mulher que buscou a humanização em tudo o que propôs a fazer. Ela foi uma mulher forte e inteligente, que marcou para sempre a psiquiatria e é um exemplo para as mulheres na ciência.
Sônia Guimarães
Aos 64 anos, a paulista Sônia Guimarães é uma mulher pioneira na ciência brasileira por suas conquistas no universo da física.
Mulher negra, concluiu a faculdade de física em 1979 e em 1989 se tornou a primeira mulher negra brasileira a se tornar doutora pela University of Manchester Institute of Science and Technology, na Inglaterra.
Ela entrou para o quadro de professores do ITA, Instituto Tecnológico da Aeronáutica, em 1993, uma época em que era uma das poucas mulheres no campus. Isso porque o instituto só passou a aceitar o ingresso de alunas em 1996.
Por conhecer os desafios que uma mulher negra enfrenta no ambiente acadêmico, Sônia é uma voz poderosa na busca pelo fim das desigualdades raciais e de gênero nas ciências. Ela participa de projetos que visam incentivar as meninas a se interessarem pelas exatas e também ao empreendedorismo.
Além disso, Sônia também é mantenedora da Universidade Zumbi dos Palmares e conselheira do Conselho Municipal Para a Promoção de Igualdade Racial (COMPIR), da prefeitura de São José dos Campos.
Graziela Maciel Barroso
Nascida em 1912, Graziela Maciel Barroso é um nome essencial para a botânica, sendo conhecida como a principal taxonomista de plantas do país. Graziela foi educada para ser dona de casa, casando-se aos 16 anos com o agrônomo Liberato Joaquim Barroso.
Devido ao trabalho do marido, ela conheceu diversas regiões do Brasil e aos poucos começou a se interessar pelo campo.
Aos 30 anos, começou a estudar botânica em casa com o marido e em 1946 se tornou a primeira mulher a fazer concurso para naturalista no Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Graziela trabalhava com sistemática de plantas e, embora não tivesse curso superior, treinava estagiários, mestrandos e doutorandos.
Foi apenas aos 47 anos que Graziela ingressou no curso superior de biologia da Universidade do Estado da Guanabara, e aos 60 defendeu sua tese de doutorado na Universidade Estadual de Campinas.
Durante sua atuação profissional, ela foi responsável por identificar 25 espécies de vegetais, batizados com seu nome, como Dorstenia grazielae (caiapiá-da-graziela) e Baubinia grazielae (pata-de-vaca).
Graziela teve suas conquistas reconhecidas em vida, recebendo a medalha Millenium Botany Award e sendo convidada para fazer parte da Academia Brasileira de Ciências.
Infelizmente, a cientista faleceu em 2003, um mês antes de poder assumir seu lugar na ABC.
Jaqueline Góes de Jesus
O mundo vem enfrentando a pandemia de Coronavírus desde o final de 2019 e a doutora em Patologia Humana e Experimental, Jaqueline Góes de Jesus, tem parte importante na luta contra o vírus.
Líder da equipe que conseguiu mapear o genoma do vírus SARS-CoV-2 em 48 horas (um tempo recorde, já que a média para esse tipo de procedimento é 15 dias), ela e sua equipe foram responsáveis pelo sequenciamento que permitiu diferenciar o vírus que infectou o primeiro paciente brasileiro do genoma identificado na China.
Jaqueline é biomédica pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, concluiu seu doutorado na Universidade Federal da Bahia e hoje atua como pesquisadora no Instituto de Medicina Tropical de São Paulo da Universidade de São Paulo (IMT/USP).
Antes de participar da pesquisa do Coronavírus, Jaqueline também já tinha integrado a equipe que mapeou o genoma do Zika Vírus.
Ela foi convidada pela ONU para fazer parte do projeto #TimeHalo, uma iniciativa que busca tirar as dúvidas de internautas e desmistificar informações incorretas na plataforma de vídeos curtos, TikTok.
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